Em virtude do caráter dos trabalhos, cada grupo apresentará uma pesquisa singular, por mais que os resultados possam se aproximar. Portanto, é justamente o diálogo entre os trabalhos que movimentará a discussão. Cada grupo apresentará os dados de sua pesquisa comparados ao censo realizado pelo IBGE.
Vale lembrar que esta atividade poderá ser utilizada como instrumento de avaliação. Neste caso, sugere-se que se considerem como componentes da nota as ponderações do grupo debatedor, uma auto-avaliação do próprio grupo “expositor”, além da própria apreciação do professor. Visa-se, assim, valorizar a atuação dos estudantes e amenizar a imagem do professor como aquele que “dá a nota”.
É importante destacar que a proposta original dos trabalhos tem como objetivo último evidenciar as diferenças entre os dados estatísticos e as “realidades” observáveis nas publicidades das revistas. Teremos como possíveis questionamentos:
- tipo de revista e seu público alvo;
- tipo/preço de produto objeto da publicidade e seu público alvo;
- a sub-representação de grupos sociais e de cor em relação à distribuição nacional.
Em última instância, os percentuais do IBGE também entrarão em conflito com o perfil da sala de aula ou da escola, pois muito dificilmente veremos entre os alunos a distribuição étnica presente no censo, especialmente se estivermos tratando com escolas privadas. Ao atingirmos este ponto de desconforto estaremos iniciando a desconstrução de um discurso há muito arraigado: o da igualdade social e, eventualmente, da democracia racial. É aí, então, que se inicia o desafio de reconstruir dialeticamente a situação de desigualdade entre grupos sociais e de cor, relativizar a própria ideia de democracia como cenário idílico, e questionar as formas de acesso às esferas da sociedade.
Caso haja insegurança quanto ao conceito “democracia racial” e a discussão por ele ensejado, consulte, entre outros:
LEHMANN, David. “Gilberto Freyre: a reavaliação prossegue.” Horiz. antropol., jan.-jun. 2008, n. 14(29), p. 369-385.
OLIVEIRA FILHO, Pedro de. “A mobilização do discurso da democracia racial no combate às cotas para afrodescendentes.” Estud. psicol. (Campinas), out.-dez. 2009, n. 26(4), p. 429-436.
LEHMANN, David. “Gilberto Freyre: a reavaliação prossegue.” Horiz. antropol., jan.-jun. 2008, n. 14(29), p. 369-385.
OLIVEIRA FILHO, Pedro de. “A mobilização do discurso da democracia racial no combate às cotas para afrodescendentes.” Estud. psicol. (Campinas), out.-dez. 2009, n. 26(4), p. 429-436.
ADVERTÊNCIA
Se o professor não se sente preparado para lidar com a identificação da desigualdade que, possivelmente, se chocará com o discurso burguês de boa parte das famílias das escolas particulares, ele não deve realizar esta atividade. Avançar na discussão e abortá-la em seu ápice pode ser tão pernicioso quanto nunca iniciá-la, pois há o risco de consolidar noções equivocadas que reforcem o preconceito.